A Esquizofrenia é uma das condições psiquiátricas mais complexas e desafiadoras, que continua a intrigar profissionais de saúde mental, investigadores e sociedade em
geral.
Considerada a perturbação mental mais complexa e difícil de tratar, a esquizofrenia é uma patologia mental debilitante, que é caracterizada por distúrbios no pensamento, perceção e comportamento, afetando a qualidade de vida e o funcionamento social do indivíduo (Luján, 2019).
A Esquizofrenia, é uma psicose, portanto uma alteração do sistema nervoso, que apresenta sintomas divididos em três dimensões: os sintomas positivos, os sintomas
negativos e os sintomas de desorganização.
Os sintomas positivos são compostos pelas ideias delirantes, alucinações, sintomas motores ou comportamento catatónico.
Já no que diz respeito aos sintomas negativos, os mesmos incluem embotamento afetivo, apatia, anedonia, isolamento social e pobreza discursiva.
Os sintomas de desorganização caracterizam-se por pensamento desorganizado e incoerente, bem como por comportamento bizarro (Insuasti López & Castillo Rivera, 2023).
No que diz respeito às teorias da etiologia e modelos explicativos das causas da Esquizofrenia existem inúmeros modelos e teorias, embora poucos com validade empírica. Os fatores genéticos são, no que diz respeito aos fatores biológicos de risco, aqueles que demonstram mais risco. Já no que diz respeito aos fatores da personalidade, os traços de personalidade prévios mais esquizoides ou paranóides, com ideias estranhas, isolamento social, perda de interesses, problemas escolares ou laborais são considerados alguns fatores de risco.
Os fatores ambientais, como os fatores de vulnerabilidade-stress, são indicados como explicativos da patologia. Para apurar estes fatores ou outros que possam explicar a predisposição e predisponência da patologia e planear o tratamento adequado, a avaliação inicial é fulcral (Luján,2019).
No que diz respeito à intervenção, a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem que se define por aspetos estruturados, objetivos, focais, com evidências empíricas da sua eficácia. Centra-se na avaliação dos aspetos cognitivos, comportamentais e afetivos, bem como na análise da correlação entre eles. As técnicas da TCC permitem intervir, sobretudo nos sintomas negativos da Esquizofrenia, através da Reestruturação Cognitiva, Psicoeducação e Treino de Habilidades Sociais, tornando-se muito útil à intervenção na patologia (Lobo e Silva, Souza, Sardinha & Lemo, 2020).
Tendo em conta os factos mencionados anteriormente, é recomendável que o doente esquizofrénico usufrua de acompanhamento psicoterapêutico com frequência semanal na
especialidade de Psicologia a fim de intervir ao nível das problemáticas apresentadas.
Tendo por base os dados obtidos nos instrumentos de avaliação, bem como a informação recolhida na anamnese e na entrevista semiestruturada, a intervenção centrar-se-á nas questões cognitivas, emocionais e comportamentais, intervindo com
base na Terapia Cognitivo-Comportamental.
Neste sentido temos como objetivos terapêuticos:
1. Criar uma relação empática e um ambiente confortável para a expressão de sentimentos e emoções;
2. Promover o reconhecimento da patologia e a necessidade de cumprir o tratamento;
3. Psicoeducação para as características da patologia e possíveis impactos na vida
diária;
4. Explorar as problemáticas apresentadas;
5. Explorar em consulta as cognições e emoções que surjam na execução das tarefas prescritas para o período entre consultas;
6. Explorar as alterações sentidas ao longo do processo e decorrentes do mesmo;
7. Minimizar os sintomas;
8. Reconhecer a intensificação da sintomatologia;
9. Obter e manter o alívio de sintomas, de modo a que não tenha um efeito negativo na vida do paciente;
10. Desenvolver estratégias para lidar com os sintomas da patologia;
11. Trabalhar aspetos da relação com os outros e com a família;
12. Promover a Reabilitação Psicossocial que permita o retomar das atividades diárias, como por exemplo, o regresso ao trabalho, a sua autonomia e relações pessoais.
Referências Bibliográficas
Insuasti López, M. D., & Castillo Rivera, M. J. (2023). Esquizofrenia. Fases, etiologia, factores de riesgo y diagnóstico.
Lobo e Silva, D. R. L., Souza, F. G. de, Sardinha, L. S., & Lemo, V. A. de. (2020). As contribuições da terapia cognitiva comportamental no tratamento dos sintomas negativos da esquizofrenia.
Luján, Paula (2019). Evaluación, diagnóstico y tratamento de la Esquizofrenia (Dissertação de Mestrado Não Publicada).
Bruno Fernandes
Psicólogo Clínico e Psicoterapeuta
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